Onda fitness movimenta US$2 bi no Brasil e só cresce. Veja como aproveitar

Onda fitness movimenta US$2 bi no Brasil e só cresce. Veja como aproveitar

Diante das incertezas do cenário econômico brasileiro, negócios ligados ao setor fitness se reinventam para manter protagonismo 


Os números mais recentes da Organização Mundial da Saúde sobre sedentarismo no Brasil são alarmantes: 47% da população não pratica o mínimo de atividade física recomendado pela instituição para manter-se saudável — 150 minutos por semana.

Se por um lado a informação é preocupante, por outro soa como música para um importante segmento da economia, o fitness. Embora ruim, a estatística demonstra um enorme potencial para quem atua nesse mercado.

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Quando alguém decide adotar um estilo de vida mais saudável, não são beneficiadas apenas as academias. Diversos negócios saem ganhando, como os de nutrição esportiva (suplementos), tecnologia (monitores de condicionamento), moda (roupas e tênis para malhar) e até beleza (cosméticos específicos para esportistas).

Hoje, a indústria de atividades físicas movimenta 2,1 bilhões de dólares no Brasil — a receita é a maior da América Latina e a terceira das Américas. É verdade que, no ano passado, o país deixou o ranking dos dez que mais lucram com o fitness. Mas isso não significa que não haja oportunidades no setor, pelo contrário.

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De acordo com o levantamento de 2018 da IHRSA, associação internacional de fomento ao universo de saúde e exercícios, há mais de 34 500 academias no Brasil, o que nos torna o segundo país do mundo com maior concentração de estabelecimentos do tipo, atrás apenas dos Estados Unidos. Juntos, esses espaços somam 9,6 milhões de clientes apenas Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido têm números maiores no mundo.

O que está ocorrendo, diante do novo padrão de economia da classe média brasileira, é uma adaptação dos negócios, com maior diversificação.
Uma das mudanças mais significativas que o mercado enfrentou para se adequar à recessão foi o surgimento das academias de baixo custo. Franquias como Smart Fit e Bluefit, as duas maiores do segmento, consolidaram-se como modelo de negócio e já representam 13% das instituições de ginástica no país.

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Com mensalidades que custam em média 100 reais e estrutura enxuta, elas seguem crescendo. A Smart Fit, que acaba de bater a marca de 2 milhões de clientes em mais de 550 unidades na América Latina, vem aumentando a oferta de aulas em suas unidades, com destaque para a dança.

Já a Bluefit fechou o ano com faturamento de 100 milhões de reais e planeja chegar a uma centena de endereços em 2019, além de expandir para a Argentina e a Colômbia.

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Enquanto isso, as mega academias, como Bodytech, Bio Ritmo e Companhia Athletica, objetos de desejo dos malhadores até metade dos anos 2000, reinventam-se para enfrentar a concorrência.

"As escolas de nicho, especializadas numa modalidade [como os estúdios de bike e corrida indoor, pilates, funcional, lutas e boxes de crossfit], muitas delas cobrando por aulas avulsas ou créditos-aula em vez de mensalidade, além das de baixo custo, tiraram muita gente das grandes e se tornaram uma fatia importante do mercado", diz Raul Abissambra Filho, diretor executivo da Fitness Brasil.

Para ele, quem se mantém nas academias convencionais é sobretudo o público com poder aquisitivo maior, que aposta nelas até como um lugar para fazer networking e conhecer pessoas interessantes.

Mas a academia não é a escolha principal de quem faz atividade física — essa é a preferência de 28% dos praticantes, de acordo com números da IHRSA. A maior parte (41%) malha ao ar livre. Caminhada e corrida são as modalidades mais populares.
De alguns anos para cá, atividades de todo tipo, como funcional, ioga, dança e luta, também passaram a reunir grupos em parques, praças, escadarias, terraços de shopping e até helipontos nos fins de semana. E aí moram algumas boas oportunidades.

A personal trainer paulistana Cau Saad, de 39 anos, já tinha mais de 15 anos de uma carreira bem-sucedida como treinadora de atletas e endinheirados em São Paulo e nos Estados Unidos quando explodiu em 2013 com o circuito de treinamento funcional externo, que acabou virando seu principal produto.

A onda fitness que se espalhava pelas redes sociais à época ajudou, mas a formação sólida, a criatividade, o fôlego inesgotável e o talento empreendedor da profissional foram determinantes para que em pouco tempo as aulas-evento, com inscrições por volta de 80 reais na época, formassem fila de espera.
Três anos depois, Cau abriu as portas do estúdio próprio, o Instituto Cau Saad, nos Jardins, na capital paulista. O investimento de 180 000 reais foi recuperado em oito meses.

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Hoje, além de oferecer sessões individuais, pelas quais cobra 250 reais a hora, a personal virou grife: fatura com linhas assinadas de acessórios de ginástica e sucos funcionais, além de manter contrato de exclusividade com marcas de tênis e roupas esportivas, das quais também recebe por postagens nas redes sociais e palestras.

As aulas ao ar livre abertas ao público ainda acontecem, mas com inscrições gratuitas, porque os patrocínios e as parcerias acabam cobrindo os gastos. A equipe dela hoje soma pelos menos 34 pessoas, entre professores e profissionais das áreas de finanças, assessoria de imprensa e assistência pes­soal.

Até o marido deixou o emprego como corretor de soja para integrar o time como administrador do negócio fitness. "Nada foi planejado, fui me adaptando à medida que as coisas foram acontecendo. E estou só começando", diz Cau.



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